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Análise: debate da Band expõe assustadora semelhança entre Lula e Bolsonaro



O debate promovido ontem pela Band, em parceria com o UOL, a Folha e a TV Cultura, serviu como prólogo de como será a corrida eleitoral daqui por diante. Este foi o primeiro embate público entre Lula e Bolsonaro, o ápice de um duelo que se arrasta desde 2018 (quando Lula, então favorito, foi tirado da disputa por Sérgio Moro).


Frente a frente Lula e Bolsonaro mostraram não suas diferenças mas, sim, suas semelhanças. Nenhum dos dois apresentou propostas concretas para tirar o país da maior crise moral, social e econômica de sua história. Pelo contrário, limitaram-se ao discurso de quem é mais corrupto do dois.


É evidente que Lula é mais equilibrado e experiente que Bolsonaro, pelo menos em debates públicos. Mesmo assim, perdeu uma oportunidade histórica de admitir os erros do passado (principalmente no tocante à corrupção) e mostrar que, nesta nova fase está disposto a não repetir os mesmos métodos que desaguaram em escândalos como o mensalão e o petrolão. Mas, como fazê-lo se aliando a figuras notoriamente corruptas como Geddel Vieira Lima (lembra do apartamento cheio de sacos de dinheiro?) e Renan Calheiros?


Lula limitou-se ao discurso, mal construído, de que a corrupção só apareceu porque os mecanismos de controle interno (como a Controladoria e a PF) e externo (como o MP e o TCU) funcionavam. Tal afirmação passa a impressão mais de arrependimento (por não ter aparelhado tais instituições) do que orgulho. Fica aquele gostinho de que "se eu fizesse o que Bolsonaro fez, não seria preso", ou "Bolsonaro foi mais competente do que eu em encobrir a própria corrupção".


Quanto a Bolsonaro, nenhuma novidade. A estratégia maniqueísta de demonizar o PT por tudo continua sendo a sua única retórica. Afina, o PT é o diabo e, contra o Diabo vale tudo: até se aliar ao mensaleiro Waldemar da Costa Neto, tentar (sem sucesso) articular um Golpe de Estado e entregar o controle do orçamento a Artur Lira. Afinal, se Bolsonaro sair o diabo volta. E se há corrupção, ela é justificada, pois o PT era mais corrupto, apoiava ditaduras, etc. É o mesmo discurso de 2018, a mesma ladainha. E isso não vai mudar.


Conclusão, Lula e Bolsonaro não são duas faces da mesma moeda. Eles são de fato a mesma face de um moeda que está no bolso do sistema político e financeiro corrompido. E, independente de quem ganhe, não haverá grandes mudanças, pois ambos são apenas personagens. O roteiro, o palco e a plateia são os mesmos.


E quanto aos demais candidatos? É ainda cedo para dizer se um único debate será suficiente para tirar Ciro, Tebet, Soraia e o cara que quer privatizar tudo do acostamento. Só o tempo, cada vez mais curto, dirá.


Infelizmente, o problema do Brasil, não se resolverá com uma simples eleição.




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