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O Trollando e o crime dos falsos moralistas de Facebook


Não há como negar que a prisão de dois dos três responsáveis pela página apócrifa “Trollando Macaé” é emblemática. Mais do que expor a conduta criminosa de quem usava falsas acusações para chantagear e conseguir dinheiro às custas das vítimas, a prisão dos meliantes em questão traz a tona um debate importante sobre a responsabilidade sobre as postagens não apenas do “trollando”, como também de dezenas de outros perfis e páginas da rede social.

Tentando preencher um espaço de denúncia, ora ocupado pelos veículos de imprensa tradicional, muitas pessoas acabam extrapolando: denunciando sem provas, denegrindo imagens, destruindo reputações. Pensam que, pelo simples fato de estarem “protegidos” por trás da tela de um computador são imputáveis à ação da lei ou das próprias vítimas. A prisão dos “espertinhos” do Trollando prova justamente o contrário.

O engraçado é que, pelo menos em Macaé, muitos dos que usam a rede social para levantar boatos, se utilizam da afirmação de que “a imprensa local é vendida” como se eles mesmos não defendessem seus próprios interesses políticos. O fato de alguém denunciar um governo não o torna imparcial. Simplesmente o direciona para um grupo político adversário — muitos fazem por dinheiro, outros por atenção ou por se “cacifar” como candidatos. Porém, todos, são parciais e defendem o seu. A diferença, portanto, é que por trás de um veículo de comunicação (comprometido ou não com o governo) há uma empresa, funcionários e pelo menos um jornalista que assina e assume a responsabilidade sobre tudo o que é publicado. E, pelos anunciantes de um jornal dá para facilmente identificar de qual interesses esse veículo comunga, qual é a sua linha. Tal como a Veja não é imparcial ao atacar o governo Dilma ou a Carta Capital também não o é, quando defende, todo veículo (sem exceção) tem a sua linha política clara. Negar isso é hipocrisia. A diferença com os falsos moralistas do Facebook é que, enquanto para o jornalista não há máscaras, para quem posta há um manto invisível de moralidade e imparcialidade. E isso é um grande engodo.

Nos Estados Unidos, jornais como o New York Times e o Washington Post publicam, no início de cada pleito eleitoral, a qual candidato eles apoiam. Acredito que, no Brasil os veículos de comunicação, grandes ou pequenos, deveriam fazer o mesmo. Tal como todos os “moraistas” do Facebook que atacam o governo (ou a oposição) em nome do interesse comum, quando todos sabem que há interesses políticos difusos por trás disso tudo.

Como jornalista com 15 anos de experiência já fiz muitas denúncias envolvendo tanto governos, quanto oposicionistas. Levei, neste período todo, mais de 30 processos judiciais. Não perdi nenhum, sabe por que? Porque tudo o que publiquei era documentalmente provado. E, quem quiser me processar sabe onde me encontrar, o endereço de meu escritório e até mesmo o meu registro profissional de jornalista. Está tudo lá, no expediente do meu jornal, basta consultar. Nunca precisei de máscaras, ao contrário destes moralistas sem moral que tentam se apresentar como defensores da moral e dos bons costumes. Não há toa dois deles já saíram de casa algemados. Muitos outros poderão também o ser. Máscaras cairão.

Por fim, acredito que o Trollando Macaé e seus mediadores perderam uma grande oportunidade de contribuir para Macaé. No início eu lia a página e até aplaudia algumas denúncias — legítimas — que eram feitas. Porém, quando a página passou publicar acusações “anônimas” e atacar reputações vi que ela tinha um lado: o de seus interesses criminosos e perversos. A população deve sim se utilizar das redes sociais para denunciar o que acredita estar errado. Mas este exercício, legítimo, precisa ser feito com responsabilidade. No celular de um dos responsáveis pelo Trollando, havia mensagens de empresários e até de um vereador que utilizaram do espaço para plantar denúncias. A pergunta, que faço, é a seguinte: algum desses “poderosos” vai para cadeira? Claro que não! No fim, estas pessoas que usaram o Trollando como seu denunciante oficial nem tiveram a coragem de mandar um advogado defender os mediadores da página. Como prostitutas, foram usados e abandonados quando não era mais conveniente. Que fique a lição!

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