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Brasil Offshore desvenda a grande farsa do Porto de Macaé


A Feira Brasil Offshore, maior evento do seguimento de petróleo do Brasil está em pleno vapor. Maior do que a edição anterior, o evento mostra, ainda que de forma tímida, que a retomada do desenvolvimento regional está prestes a acontecer. Com 300 milhões em negócios previstos até o seu encerramento, a feira seria a oportunidade ideal para alavancar o Porto de Macaé. No entanto, o grande projeto, defendido como a redenção de Macaé, sequer foi citado pelos discursos do governador Wilson Witzel ou pelo prefeito Dr. Aluízio. Aliás, nem estande na feira a empresa dona do porto instalou para divulgar o projeto. Prova de que o Porto não passa de uma farsa, alimentada por gente (inclusive políticos da cidade) que lucraram muito com a venda de terrenos industriais.

Muito antes da feira, já havia revelado aqui no blog (leia matéria aqui) que o futuro de Macaé estaria nas operações de gás e, para perceber isso não é preciso ser expert no mercado de energia. Macaé já sedia a maior base de processamento de gás do Estado (Cabiúnas) e está expandindo a operação. Além disso, temos as duas maiores termelétricas do estado e estamos com mais três a caminho. Para incrementar ainda mais o mercado, o governo federal resolveu quebrar o monopólio da exploração do combustível que, em pouco tempo, vai se transformar na maior matriz energética da industria de transformação.

E o Porto, onde entra na equação? Em lugar nenhum! Como já disse antes, o Porto foi uma farsa criada na esteira de interesses corporativos que conseguiram viabilizar, via lei aprovada pela Câmara de Macaé, o licenciamento de 6 milhões de metros quadrados de áreas através de um Novo Zoneamento Urbano. Sem a lei do Zoneamento, estas áreas sequer entrariam no radar das novas termelétricas e os proprietários, através de seus políticos de estimação, usaram a possibilidade da construção do Porto de Macaé como elemento de pressão para levar a Câmara a autorizar a nova lei. Afinal, qual vereador se colocaria contra o Porto de Macaé, justamente numa época em que precisamos tanto de empregos?

BRIGA DE CACHORROS GRANDES — O Porto de Macaé nasceu, lá no governo Riverton Mussi com a intenção de realmente existir. No entanto, como a Lava Jato atingiu em cheio as três empresas que construiriam o empreendimento, houve um esvaziamento do capital das mesmas, que acabaram desistindo do projeto. O porto, então, de sonho se tornou em um projeto obsoleto de engenharia guardado numa gaveta empoeirada. Além disso, na época de sua concepção, a atividade petrolífera andava em vento e popa. Com o Barril do Petróleo cotado acima dos 130 dólares (a cotação de hoje é U$$ 61)  e a Petrobras gastando dinheiro como se não houvesse amanhã até fazia sentido construir um novo porto. Depois, com acrise e o esvaziamento das operações na Bacia de Campos, o projeto naufragou.

Porém, um empresário da cidade, dono da Agrivale viu no Porto uma excelente oportunidade de negócios, ainda que não o construísse. Como sabia que a venda de terras do lado sul da cidade (divisa com Rio das Ostras) iria bombar, sobretudo com a construção da Estrada de Santa Tereza, ligando o Parque de Tubos à RJ-168 no acesso à BR-101, este empresário sabia que a nova estrada iria fazer as terras de sua propriedade perderem valor, sobretudo devido à criação de outros condomínios industriais, como o Polo Industrial Bella Vista que fica (adivinha aonde?), bem nas margens da nova estrada que a Prefeitura de Macaé construiria. Então, como competir com este eixo de desenvolvimento e atrair empresários para o "outro lado" da cidade. Bingo! O Porto é a solução.

Na esteira do novo porto, a Agrivale tratou logo de criar um mega projeto industrial, o Complexo Logístico e Industrial de Macaé (Clima). O Clima foi vendido como se fosse a retroárea do futuro porto, mas na prática é só mais um condomínio industrial, como o BellaVista, a Zen (Rio das Ostras) e muitos outros. Mas o porto era um elemento de valorização que nenhum outro teria, o que criou-se o melhor argumento de venda, mesmo em meio à crise.

Resumo da ópera: os donos do "porto" sabiam o que eu disse (e, claro, por serem milionários eles tem mais informações que a própria imprensa). Todo o movimento "Porto Já", liderado por um vereador que se viu atolado em denúncias de lobby, serviu para um propósito maior. As terras da Agrivale foram licenciadas e vendidas a peso de ouro para a implementação da Usina Termoelétrica Marlim Azul, que foi orçada em 2 bilhões de reais pela joint venture formada entre as empresas, Mitsubishi, Pátria Investimentos e Shell. Ou seja, seria mais justo chamar o "Porto de Macaé" de Aeroporto. Afinal, ele e os ativistas do movimento "Porto Já" fizeram os negócios da Agrivalle decolarem!

Para entender melhor sobre o assunto, leia as matérias exclusivas produzidas pelo Blog sobre o assunto:

PORTO DE MACAÉ: A MENTIRA CONTADA MIL VEZES QUE SE TORNOU VERDADE


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