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Bolsonaro versus imprensa: uma batalha alimentada pela mentira


Imagine uma luta na lama, daquelas que eram transmitidas aos domingos nos anos 1990 para a família tradicional Brasileira. Não importava quem seria o vencedor, ambos os lados sairiam sujos. Esta é analogia que melhor ilustra a guerra travada entre o presidente Jair Bolsonaro e o oligopólio da mídia Brasileiro. Diferente de Lula, FHC e outros presidentes que se "renderam" e abriram seus cofres para o mainstream (só a Globo embolsou 6,2 bilhões de reais durante os oito anos de Lula no poder) , Bolsonaro resolveu "bater de frente" com a mídia, numa batalha quixotesca usando o Twitter como espada e o filho "pitbull" como escudo. Resta saber até quando o presidente perseguirá moinhos de vento enquanto seu governo padece de liderança, estratégia e bom senso.

Dois episódios marcaram as últimas semanas e delimitaram bem o papel da grande mídia brasileira como o maior, senão único, partido de oposição ao governo. É claro, também, que Bolsonaro tem colaborado para a narrativa midiática, que tenta vender à população a imagem de um presidente desequilibrado. O filme "pornô-gay" e a pergunta sobre "Golden Shower" em seu twitter mostraram um grau de infantilidade inédito entre os governantes brasileiros e deram à mídia combustível e munição para incendiar a opinião pública. Ponto para a mídia, nesta Bolsonaro se deu mal!

Porém outro fato denunciou, claramente, a má-intenção da mídia. Ao vazar uma conversa da jornalista Constança Rezende, do Estadão, o site Terça-Livre revelou o que todo mundo sabe: a estratégia já batida da imprensa em "bater até virar pó". Numa gravação divulgada pelo jornalista francês reJawad Rhalib, a repórter do Estadão, confirma que recebeu de forma ilegal documentos sigilosos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF),e ainda afirmou que estava há mais de um mês trabalhando no caso que "poderia resultar no impeachment do presidente".

O próprio estadão, logicamente, correu para desmentir a afirmativa, dizendo que o site colocou as palavras da jornalista "em um contexto errado". Solidariamente, toda a mídia e as "isentas" agências de checagem trataram de reverberarem a versão do Estadão, repetindo a máxima de Joseph Goebbels, o marqueteiro de Hitler, de que "uma mentira dita dez vezes torna-se verdade". A versão da grande mídia sobre o fato mostra tudo, menos a verdade. É sim, a demonstração clara de corporativismo de um setor que agoniza com a crise financeira e que, certamente, corre o risco de quebrar caso o presidente não abra o cofre das verbas governamentais.

Recorrendo à um ardil semântico, a mídia usa o pedaço que lhe for mais conveniente de um fato, para construir uma verdade. É a velha lógica de que é possível contar diversas mentiras falando apenas verdades. Exemplo disso está nas versões para homicídios cometidos por policiais em operações contra a criminalidade. Basta trocar a palavra "bandido" por "estudante" ou "vítima" para transformar o PM no bandido. Ou, inversamente, trocar a palavra "estudante" por suspeito para transformar um policial num herói, ainda que o "criminoso" abatido seja inocente. É possível manipular os fatos apenas alterando a semântica. E jornalistas sabem usar deste recurso como ninguém.

Quanto a Bolsonaro, o mesmo usa, embora de forma bem menos profissional que a grande mídia, dos mesmos recursos semânticos para alterar a realidade e manipular opiniões. Ao divulgar a cena gay, sugerindo que isso é a "marca do Carnaval brasileiro" ele incorre na mesma estratégia de contar uma mentira utilizando a verdade como matéria-prima. Fato que há cenas de sexo explícito no Carnaval e isso ninguém nega. Agora, generalizar isso como se fosse uma marca de "todo o Carnaval" é uma mentira deslavada e mal intencionada.

Logo, se usam das mesmas armas e dos mesmos discursos para impor sua cosmovisão no povo Brasileiro, Bolsonaro e a Grande Mídia são mais parecidos do que imaginam. Ambos lutam pela sobrevivência na mesma arena. Se a imprensa vencer, Bolsonaro afunda antes da segunda metade do seu governo. Se acontecer o contrário, a mídia brasileira morre de inanição. Logo, esta batalha está longe de terminar. Resta saber quem gritará mais alto e reconquistará o monopólio da mentira.


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