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Anarquinópolis 2017, Capítulo 4: o príncipe amarelo


"Antes de começar a novela, quero convidar o radialista "Falafino Cabreu" para a mensagem do dia:

"Hoje eu quero falar com você. É, você mesmo que está aí se achando menor do que os outros. Pense no exemplo do Aedes. Um mosquito pequeno, esquecido. Ninguém dava nada por ele, nem sapo o queria comer. Porém, ele acreditou em si. Começou como microempreendedor e começou a espalhar, sozinho, a Dengue. Hoje, décadas depois, já trás contigo mais três doenças que movimentam milhões em nossa economia: a Zica, A Chikungunha e a Febre Amarela. Não se ache pequeno, o mosquito também é. Mas sua picadura pode levar qualquer uma para cama!"

Emocionante. Semana que vem o radialista convidado será "Robin Hoodveira".

Voltemos à novela.

Eram tempos difíceis em Anarquinópolis. Desde a última crise, quando resolveu pagar sozinho a todos os guardas da cidade, Dr. Bonitinho, nosso astuto príncipe entrou em depressão. Não havia mais nenhuma crise, greve ou colapso em nível estadual ou federal em que ele pudesse meter o bedelho. Logo ele, que já estava com seu nome ventilado como futuro governador ou, quiçá, Imperador geral e absoluto, "pica das galáxias".

— Precisamos de um fato novo. Aquele abominável Príncipe das Neves, da cidade de MicoRroi vai acabar roubando minha vaga de futuro governador. Tá aparecendo mais do que eu!", bradou o inexorável príncipe, enquanto andava de charretinha, puxado pelo seu secretário/motorista/boy "Caolho Esquerdo".

— Mas, chefe, porque o senhor hoje resolveu não andar de bicicleta e sim de charrete? — Perguntou o obeso secretário/motorista/boy, já ofegante com o trajeto.

— Espalhei ciclovias por todo principado! Vai que me acusam de ter feito isso só porque sou ciclista. Tudo o que menos preciso agora é de uma ameaça de favorecimento pessoal — ponderou Bonitinho, sabiamente.

Enquanto divagava de charrete, buscando uma crise para resolver e mais uma vez virar o herói da pátria, nosso amado príncipe nem se ligou no que acontecia no Parlamento. E olha que lá o bicho estava pegando.

Acontece que o vereador Maquiavel Taz, líder e vocalista da banda "As Aplausetes" (que será sucesso no próximo Carnaval) tentava, a todo custo, liberar a construção de casas ao lado de turbinas de gás prestes a explodir. Para tanto, contava com o apoio do jornalista "Zé Pires nas Mãos", que, praticamente quebrado, resolveu unir-se a Maquiavel e a um empresário do cabelo crespo em troca de alguns lotes.

Mas Bonitinho não se preocupava com isso! Dos jornais da capitais surgiu a manchete que ele tanto esperava: uma epidemia. Imediatamente, nosso príncipe, subiu em sua bicicleta (a charretinha do caolho era muito lenta para isso) e partiu para a capital, trazendo na garupa um bilhão de doses de vacinas).

E mais uma vez o dia foi salvo por nosso "Bonitinho Superpoderoso"


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