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Necroalpinistas: Quem são os políticos que usam a morte para escalar na carreira



Uma multidão vestindo camisas da CBF se aglomerou em diversas capitais para protestar contra as medidas de isolamento social. Ignorando o uso de máscaras, esses patriotas levantavam palavras de ordem contra o vírus chinês e governadores como João Dória que, segundo a horda bolsonarista, era aliado dos chineses em seu plano para dominar o país, implantando a fome e o comunismo. Bem, esse é um recorte histórico de março de 2020 onde a pandemia estava apenas começando. Hoje, um ano e mais de 331 mil mortes depois o Brasil continua usando a pandemia como arma política. Só que, diferente de 2020 a guerra não é mais entre os negacionistas e os políticos "a favor da ciência". A guerra é entre a sensatez e a sanidade. Entre a política pública e a necropolítica. Uma guerra onde não há vencedores. Apenas perdedores.


Como disse anteriormente, de um ano para cá muita coisa mudou. O Bolsonarismo, que antes fazia campanha no whatsapp contra a "Vachina" do Dória, hoje se gaba de, finalmente, começar a avançar na vacinação (apesar de 80% das vacinas distribuídas serem mesmo as "vachinas" do Butantã em parceria Sinovac chinesa). A trincheira, aliás mudou: os que antes negavam a gravidade da pandemia hoje mudaram o discurso, tentando atribuir a culpa pelas montanhas de mortes não ao atraso na vacinação, mas a não adoção do famigerado "tratamento precoce". A aplicação de um coquetel contendo vermífugo e vitamina efervescente que, segundo os "cientistas da extrema direita" poderiam evitar 100% das mortes.


Aliás, antes de avançar com o texto, é preciso abrir um parêntese sobre a vacinação. Afinal, a História vai lembrar que a vacinação brasileira estaria bem mais avançada se, no final do ano passado, Bolsonaro não tivesse negado uma proposta da farmacêutica Pfzier de 70 milhões de doses, o que daria para iniciar o ano vacinando 35 milhões de brasileiros). Por isso, ironicamente a Pfzer foi a primeira vacina a obter registro definitivo da Anvisa, com a maior eficácia entre os imunizastes, sem o governo ter comprado até então, uma dosezinha sequer.


Bem, sabemos qual é o lado do Bolsonarismo na guerra de narrativas: vai dizer que mandou vacinas, dinheiro abundante e que a culpa da crise é dos governadores. Nunca será capaz de assumir que suas mãos estão sujas de sangue dos quase quatro mil, vou repetir: 4.000 brasileiros e brasileiras que estão morrendo diariamente.

Mas, engana-se quem pensa que a "necropolítica" acontece apenas no plano nacional. Localmente, aqui mesmo em Macaé, o cinismo e a falta de sensibilidade estão gritantes. E nem vou falar do Bolsonarismo, já que o modus operandi segue o mesmo roteiro nacional. O problema são os políticos oportunistas que tentam aparecer, como alpinistas para fincar sua bandeira no cume da montanha de mortos que se acumula.


Esses tipos políticos usam uma estratégia básica: o "embolhamento". Ao colocar Macaé na bolha, ignorando totalmente os contextos regional, estadual e federal, tentam vender um caos que não existe. Apesar de todo o estado estar colapsado, sem leitos de CTI disponíveis (Rio das Ostras está assim há mais de um mês e Campos já tem 56 pacientes na fila aguardando um leito) Macaé, pelo contrário, quase dobrou o número de leitos, e não deixou ninguém sem internação, seja na UTI ou na enfermaria.


Mas, os necropolíticos, alpinistas de mortos, esquecem esse fato. Também esquecem uma questão crucial: a variante P1, uma linhagem mais transmissível do vírus está matando mais em todo o Brasil. Porém, esses fatos são ignorados também, claro. Gente desonesta intelectualmente tem maestria em montar narrativas apenas com as verdades que lhe interessam. Tem morrido muita gente em Macaé (eles falam); Isso tem ocorrido em todo o estado (ignoram)... E por assim vai.


Como diria o brilhante roteiro da propaganda produzida para a Folha pela W.Brasil em 1987, "É Possível Contar Um Monte de Mentiras, Dizendo Só a Verdade". Aliás, convido a vocês a assistirem esse rápido vídeo para entender como a mente doentia dos necropolíticos de Macaé funcionam.



Para finalizar, a história há de julgar quem de fato está preocupado com as vidas macaenses ou quem apenas está usando cadáveres como escada para subir na política. Em breve, a população será vacinada e não haverá mais cadáveres para serem molestados por sua política suja, mesquinha e desumana.

A eles restará apenas ostracismo e Lava Jato.


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