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Medidas de isolamento perdem eficácia e precisam ser repensadas em Macaé

Longe de mim aderir à Hastag #BolsonaroTemRazão, ou sair defendendo o fim da quarentena, até porque está comprovado e todo o mundo o quanto o "lockdown" foi importante para frear o avanço do coronavírus, e dar tempo aos governos de se prepararem para o inevitável aumento dos casos. Em Macaé, o prefeito Dr. Aluízio foi um dos primeiros a implementar medidas impondo o isolamento social, como o fechamento do comércio e a interrupção das atividades não essenciais no serviço público. No entanto, a pergunta que se faz agora é a seguinte: e o próximo passo? Vamos continuar trancados? Vai liberar geral? O governo vai criar novas bolsas que sustentarão pequenas parcelas da população (e, claro, a popularidade do prefeito)? Afinal, há um planejamento ou tudo o que saiu da cabeça do prefeito até agora foi puro improviso ou marketing de guerra?


Ontem a Câmara de Macaé aprovou mais uma bolsa, desta vez de R$ 800,00 para o comerciário e o comerciante informal (ambulante cadastrado do município). Vendida como salvação da pátria e com paternidade disputada entre vereadores não menos populistas que o prefeito, a medida não salva ninguém. Dá um cala boca de três meses para uma parcela fragilizada da população, mas não garante o emprego de ninguém daqui a três meses, quando já não haverá empregos para ofertar.


Enquanto as ações marqueteiras vão caindo em descrédito, como as barreiras sanitárias que só acontecem em horário comercial ( se o vírus for "esperto" é só entrar na cidade à noite e nos fins de semana), a cidade continua perdida numa enorme queda de braço. Enquanto o pequeno e médio comerciante pressiona de um lado pela reabertura do comércio, o governo mantêm-se inflexível quanto ao fechamento. Agora, pergunto eu? Não há uma solução mediadora?

Por que o governo macaense não está estruturando um "plano de retomada"? Por exemplo, o Ministério da Saúde já prepara um plano de transição entre a quarentena horizontal (onde todos ficam confinados) para a vertical (isolando apenas os grupos de risco). Aqui, no plano municipal, o prefeito já deveria estar publicando decretos e elaborando legislações estabelecendo padrões sanitários rígidos para o funcionamento do comercio, pensando já na reabertura. Medidas simples, como a obrigatoriedade de todos usarem máscaras (o que já foi estabelecido em decreto, aliás), a obrigatoriedade de fornecimento de álcool gel ou lavatórios para os clientes de todo o comercio e a limitação do número de clientes por vez dentro dos estabelecimentos, baseado em critérios como metragem quadrada das lojas. Isso permitiria a reabertura gradual da economia, sem gerar maior risco para a população.


A solução para essa crise é pelo caminho da mediação, não da imposição autoritária de decretos impulsivos. Ou alguém acha que estas medidas, serão de fato, suficientes para manter a população em casa? Quem duvida do que eu estou falando, recomendo dar uma voltinha pela Nova Holanda, Malvinas ou mesmo pela Favela da Linha. É fácil manter isolamento com Netflix, ar condicionado e o dinheiro (público) caindo na conta todo mês. Mas, como diria Margareth Theater, não existe almoço grátis. Uma hora a conta vai chegar!



André Luiz Cabral é jornalista, teólogo e acadêmico de Direito












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