Célio Chapeta pode ser a "Dilma" de Dr. Aluízio
Quando, em meados de 2010, o então presidente da República, Lula anunciou a seu "núcleo duro" que indicaria sua ministra da Casa Civil, Dilma Roussef como candidata a sucessão, gerou muita dúvida e até indignação entre os petistas mais fervorosos. Afinal, Dilma não tinha discurso, popularidade e sequer história de liderança PT que justificasse a indicação. Não à toa, recebeu o apelido de "poste do lula", em analogia direta ao objeto inanimado que não tem luz própria. Pois bem, às vésperas das eleições municipais deste ano, o prefeito de Macaé Dr. Aluízio sinaliza que pode seguir o Lula de 2010 e sacar, para o jogo político seu mais influente secretário. Célio Chapeta é o nome dele, tão poste quanto a Dilma, porém tão confiável ao ponto de dar continuidade ao projeto de poder do prefeito.
Chapeta é uma figura bronca (com visual meio caipira misturado com bicheiro da Baixada Fluminense). Isso faz dele uma dissonância em um governo formado essencialmente por engomadinhos. Alheio à fotografias nas colunas sociais, longe dos holofotes políticos e completamente despretensioso nas questões eleitorais, Chapeta passou quase os oito anos do governo invisível, longe das atenções, porém preservado das críticas. Enquanto isso, foi glutinando poder dentro do governo, ao ponto de chefiar a secretaria de Infraestrutura, uma megaorganização que centralizou a Secretaria de Obras e Serviços Públicos, Saneamento e Urbanismo, comandando os maiores contratos da Prefeitura. Dos mais de R$ 60 milhões anuais com o lixo, à obras que somaram mais de R$ 150 milhões aos longos dos anos, Chapeta teve a caneta Bic mais pesada do governo. Agora, no período estipulado pela Justiça Eleitoral, se descompatibiliza do cargo para deixar seu nome à disposição do prefeito. Seria ele a Dilma de Aluízio? Os próximos movimentos do tabuleiro hão de revelar.
O fato é que o projeto Guto Garcia naufragou e as inúmeras tentativas dos articuladores do governo em "inventarem" um candidato, seja na força do dinheiro ou no encanto do microfone, estão se provando infrutíferas. E, com o avanço da candidatura de Welbert Rezende (Cidadania), consolidado como candidato da Câmara e a de Silvinho Lopes (DEM) como principal nome da oposição até agora, o clima se torna favorável para que o prefeito ensaie o mais épico dentre todos os seus cavalos-de-paus. Ainda mais neste momento em que o coronavírus o tornou uma espécie de "herói municipal" politicamente jogando em suas mãos o volante de uma Ferrari.
