Câmara vai disponibilizar R$ 18 milhões para o combate ao coronavírus em Macaé

Dr. Eduardo Cardoso afirmou, em entrevista, que o momento é de juntar forças, não fazer política. Câmara ainda pode disponibilizar prédios, frota e parte do seu fundo para o combate ao coronavírus
Em meio à maior crise de Saúde pública da história da humanidade, o destino quis que tanto o poder Legislativo, quanto o Executivo estivessem chefiados por médicos. Não à toa, as medidas de controle e contenção do coronavírus, adotadas pelo prefeito Dr. Aluízio tenham o integral apoio do presidente da Câmara,o também médico Dr. Eduardo Cardoso. Em entrevista exclusiva concedida ao blog na manhã desta sexta-feira, dia 27, em seu apartamento, Eduardo garantiu que o parlamento macaense está disposto a ajudar, no que for preciso, à Prefeitura nas medidas de controle ao vírus. Até a cessão dos prédios físicos da Câmara, da frota de veículos e de parte do fundo do Legislativo (que hoje tem cerca de R$ 10 milhões em caixa) estão, de acordo com o presidente, à disposição das medidas que forem necessárias para o controle da pandemia na cidade.
“O que todos precisam entender é que Macaé é uma cidade bastante vulnerável, por suas características. Temos porto, aeroporto e um fluxo de pessoas de todo o planeta em nossa cidade, o que aumenta ainda mais nossa fragilidade. Por isso, vejo grande importância e elogio as ações tomadas pelo prefeito Dr. Aluízio e até pelo governador Witzel. Espero que o presidente da República, respeite essa características e não atravesse a autoridade de ambos, que estão apenas protegendo a população”, disse Dr. Eduardo, fazendo referência ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, que defende o fim das medidas de isolamento social adotadas por Estados e municípios.
Para Dr. Eduardo, a atitude do presidente é irresponsável, uma vez que expõe a população justo no período apontado pelos especialistas como de possível pico de casos. “Essa desculpa de salvar a economia é conversa pra boi dormir. Nossa economia estava no buraco antes do coronavírus e precisamos ver o que acontece no mundo. A Itália, quando tinha apenas 17 mortes, resolveu acabar com a quarentena para salvar a economia. O resultado foi desastroso, pois além de mais de oito mil pessoas terem morrido até agora, a economia acabou naufragando do mesmo modo”, disse. Para o parlamentar, as ações de Bolsonaro lembram ao do líder fanático, Jim Jones, que na década de 1970 conduziu 918 pessoas ao suicídio em Jonestown. “Digo mais, conduzir as pessoas deliberadamente à uma infecção grave como esta é genocídio, sobretudo da população idosa, que é a mais vulnerável.
MEDIDAS REAIS X POPULISMO — O presidente da Câmara afirmou que, neste momento, o interesse do parlamento é apoiar as ações de combate ao vírus e que não é hora de se fazer autopromoção. “Não estou interessado em discutir ações populistas. Aqui, na Câmara, por exemplo, estamos com ótimos projetos, como a proposta, feita por vários vereadores da Casa, que destina toda a cifra das emendas impositivas para o combate do coronavírus. Só essa ação, que não visa promover ninguém, vai injetar mais R$ 18 milhões para o combate ao coronavírus em Macaé”, comentou.
Dr. Eduardo informou que, caso a prefeitura necessite, a Câmara está disposta a discutir a doação de parte do Fundo do Legislativo para o combate ao vírus e foi além. “Cedemos até o nosso prédio, se for preciso, e voltaremos a fazer as sessões na Câmara antiga, caso seja necessário o espaço para instalar um hospital temporário. O que queremos fazer é salvar vidas, não fazer política”, disse o presidente.
SESSÃO EXTRAORDINÁRIA — Na próxima segunda a Câmara vota , em sessão extraordinária, o projeto de lei que cria um auxílio de R$ 100 para as crianças da rede municipal. Além desta proposta, a Câmara deve discutir outras medidas de combate ao Covid-19, como o emprego das emendas impositivas e também a possibilidade de se ter sessões de votações remotas, como já acontece na Alerj e na Câmara Federal.