top of page

De olho na Câmara, Leo Gomes expõe bancada à desgaste proposital


Como diria Karl Marx, a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. Em 2016, quando queria eleger seu "parceirasso" Ricardo Salgado (então presidente da poderosa Fesporte), Leo Gomes pegou sua metralhadora e apontou para a Câmara. Com o poder de duas secretárias nas mãos (a de Governo e a de Ricardo Salgado), Leo partiu para cima de vários vereadores da base de apoio do prefeito Dr. Aluízio, entre eles Julinho do Aeroporto e o próprio presidente da Câmara, Dr. Eduardo (vítima de fake news que até a véspera das eleições o carimbavam como "ficha suja"). O apíce da guerra aconteceu há dois dias das eleições, quando apoiadores de Ricardo Salgado/Leo passaram em frente ao comitê de Dr. Eduardo na Barra de Macaé fazendo sinais feios e provocando seus apoiadores. As eleições passaram. Derrotado com pífios 1600 votos (uma vergonha para quem teve tanta estrutura), Ricardo foi para o limbo político e a linda amizade com Leo se desfez. Agora, no entanto, quatro anos depois, a estratégia de Léo volta a se repetir, desta vez, digamos, com mais inteligência e requinte do que foi o festival de trapalhadas das eleições passadas.

A derrota de Ricardo também jogou Leo no limbo. Porém, este ano, o secretário de relações institucionais conseguiu restaurar a confiança do prefeito e voltou a ser o imediato entre o Executivo e a Câmara. Pelo Whatsapp, Leo orienta desde discursos de vereadores até a narrativa de blogueiros e jornais muito bem abastecidos pelos R$ 6 milhões de publicidade que a Prefeitura injeta na mídia, sob a égide da caneta MontBlanc de Léo (afinal, caneta Bic é coisa de reaça). No entanto, o que seus aliados não entenderam é que eles, para Leo, não são apenas um recurso de sustentação do governo: são oponentes a derrubar do tabuleiro, já que ele mesmo será candidato a vereador e vai concorrer no mesmo partido dos demais vereadores da base, o PSDB. O partido, aliás, será uma espécie de "grupo da morte" onde vereadores governistas tentarão sobreviver frente a uns poucos agraciados, como o próprio Leo, que virão com toda a força e pujança da máquina.

Para o plano de Leo ser bem sucedido, o que pode alavancar além da sua, outras candidaturas governistas, como Chapeta, Gerson Lucca e Flávio Isquierdo é fundamental ter uma base desgastada com a opinião pública disputando no mesmo partido. O veto ao programa "Falta Zero" que, oferecia 14º salário aos servidores é um exemplo disso: o projeto original dava o benefício apenas para a Educação, mas a Câmara acatou, por unanimidade, emenda parlamentar estendendo o benefício para todos os servidores. O prefeito, vetou, o que colocou a sua bancada de sustentação em uma posição desconfortável: para manter o veto era preciso desagradar o servidor. Dito e feito: o veto foi mantido.

Agora, como se não bastasse o constrangimento inicial, o governo anunciou, via jornal O Debate (que tem servido de palanque para os discursos e narrativas do governo, a custa de muito anúncio), que reenviará o mesmo projeto para a votação na Câmara, expondo sua bancada ao ridículo. Após veadores como Gelinho (PTC), Val , entre outros disserem que eram contra dar 14º salário apenas para os profissionais da Educação, justificando o veto integral, agora estes mesmo vereadores terão que se assumir mentirosos e votar exatamente pelo que se declararam contra. Ponto para Leo Gomes! Se a intenção era desmoralizar sua própria bancada, essa será uma jogada de mestre.


Comments


Visto em

© 2023 por André Luiz Cabral

bottom of page