Welberth, Julinho, Chico e Marcel. As chances e riscos dos candidatos a estadual de Macaé
- André Luiz Cabral
- 28 de ago. de 2018
- 4 min de leitura

Numa eleição bastante atípica, aonde quatro vereadores decidiram se candidatar a deputado estadual e ainda há um sem número de candidatos com potencial de votos é precisa avaliar, friamente as motivações e os riscos que cada um assume neste pleito. Como a quantidade é grande, vou me ater nesta análise aos quatro vereadores de mandato e ao ex-deputado Chico Machado que, por razões óbvias despontam como favoritos nesta eleição em que o tamanho de cada um deles será conhecido nas urnas.
Welberth Rezende (PPS) — "Apoiado" pela grande maioria dos colegas vereadores e pelo presidente da Câmara, Dr. Eduardo, do mesmo partido, Welberth aposta no espólio do deputado Comte Bittencourt para se eleger. Como Comte foi escolhido vice-governador na chapa de Eduardo Paes (DEM), o deputado teria direcionado o apoio de sua base para o vereador macaense. Mas nada está ganho ainda. Mais do que ter os vereadores é preciso convencer suas respectivas bases de que a candidatura é um projeto viável de poder. Numa eleição onde haverá pouco recurso financeiro circulando fazer um exercito de assessores e cabos eleitorais de outros vereadores (que foram adversários dois anos atrás, nas eleições municipais) a trabalhar "no amor" é um enorme desafio.
O risco maior da campanha é Welberth não fazer tantos votos em Macaé como seu grupo acredita e o projeto político que não é só dele, mas de todo um grupo de vereadores, sair desacreditado. Porém, se lograr êxito, não só o vereador quantos seus pares sairão extremamente fortalecidos para 2020.
Marcel Silvano (PT) — Apostando na máxima de que não tem nada a perder, o vereador aposta numa campanha fisiológica para conseguir votos, sobretudo apoiado nos movimentos sociais e sindicais em que atua. Em jogo aqui, está muito mais do que uma cadeira na Alerj: a verdadeira disputa é pela liderança das correntes de esquerda macaense que atualmente estão órfãs. Nesta arena, a briga direta é com o ex-prefeito Danilo Funke (Psol) que, embora não dispute o mesmo cargo que Marcel (Danilo é candidato a federal), é um adversário forte para 2020, já que a base de votos que elegeu Marcel vereador é basicamente a mesma de Danilo. Logo, se Danilo não ganhar as eleições para federal e resolva vir vereador em 2020, Marcel terá seu mandato seriamente ameaçado. Não à toa que seu grupo, em vez de apoiar Danilo resolveu dar seu apoio ao sindicalista José Maria Rangel.
O maior risco de Marcel é ter uma quantidade ínfima de votos e perder, de vez, o espaço para Danilo. É bom lembrar que Danilo praticamente elegeu o vereador Marvel (REDE), que o está apoiando para federal. De qualquer modo, o espaço de poder em que Marcel atua está seriamente ameaçado e só um bom desempenho nas urnas pode lhe dar segurança.
Chico Machado (PSD) — Ex-vereador e ex-deputado por um curtíssimo período (que como suplente assumiu a vaga do deputado Tutuka, que virou secretário de Pezão), Chico apostará tudo nesta eleição, já que ficou sem mandato. Além da posição de principal líder da oposição para 2020, Chico luta contra o estigma do "garoto rico que só ganha eleição no dinheiro". Nestas eleições, caso se saia bem, Chico é candidatíssimo a prefeito em 2020.
O maior risco enfrentado por Chico é o mesmo que o fez perder a eleição em 2014. Ao confiar seu "poder de fogo) todo em cabos eleitorais profissionais, grande parte sem afinidade ideológica com seu projeto, a probabilidade de traição é enorme,.
Luiz Fernando (PTC) — Oposicionista ferrenho ao prefeito Dr. Aluízio (falo ao prefeito e não ao governo, porque seu caso é pessoal), Luiz Fernando aparece como cavalo azarão na disputa. A lógica de sua candidatura é desconhecida, porém os riscos são reais. Afinal, no meio de tanto candidato, uma candidatura quixotesca e sem recursos tem uma grande possibilidade de "micar".
Val Barbeiro (PHS) — Outro que veio candidato, mas não expressou bem seu projeto de poder. Estaria atrás de um "café mais forte". Ninguém sabe. Porém o risco de sua candidatura é torná-lo ainda mais irrelevante do que é como vereador.
Julinho do Aeroporto — Sem contar com o apoio de nenhum colega vereador e nem mesmo do governo que representa na Câmara como líder, Julinho se apoia no caixa de deputados federais forasteiros (como Daniela, esposa do prefeito Waguinho de Belford Roxo), Julinho tenta provar que não é apenas um político de nicho, com votos apenas em uma região da cidade. O desafio é enorme, porém, se se sair bem sucedido, terá um espaço de poder e manobra bem maior no governo e ainda se toornará relevante na eleição para a mesa diretora da Câmara.
O maior risco de Julinho é de não ter um bom desempenho nas urnas e, de quebra, se isolar ainda mais politicamente. Isso, de fato, pode comprometer muito mais do que o sonho de voar mais alto. Sua própria reeleição para vereador também estará em risco.
Obs.: Em breve farei a mesma análise com os candidatos a federal daqui. Aguardem!
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