A confusão da ideologia de gênero na Câmara e na imprensa de Macaé

As últimas duas semanas foram, no mínimo, estranhas na cidade. Isso porque o tema "ideologia de gênero", que parecia ter sido sepultado em 2015 (quando sua inclusão no Plano Municipal de Educação foi rejeitada por forte pressão dos católicos e evangélicos) voltou à tona, e voltou com tudo. Tudo porque na semana retrasada, quando foi votado o Plano Diretor, o vereador Weberth Rezende (PPS) pediu para retirar o projeto de pauta por mais uma semana, com medo das repercussões sobre o tema "Educação Sexual" exposto na proposta. Acatando seu pedido, a liderança do governo retirou a matéria de pauta irritando demais o vereador Marcel Silvano (PT) que, mesmo não sendo o autor da matéria (que é de iniciativa exclusiva do Executivo) acabou posando de defensor da ideologia de gênero nas escolas.
Marcel irou-se na sessão e depois dela. Acusou, inclusive este blogueiro de atribuir a ele a autoria da ideologia de gênero na cidade, quando o Blog jamais disse isso, basta ler. O fato foi que a retirada de pauta do projeto deixou o homem irritado, nervoso, o que chamou a atenção dos demais vereadores e, claro, de toda a sociedade.
É bom que se esclareça também que o Plano Diretor não estabelece o ensino de ideologia de gênero nas escolas municipais, ao contrário do que o Plano Municipal de Educação (outra proposta do Executivo) pretendida em 2015. No entanto, como o blog já explicou antes, o tema "Educação Sexual" da maneira como estava no plano, de forma generalista, poderia abrir brecha para que este tema fosse sim ensinado, se houvesse interesse do corpo docente. Isso, portanto, levou o vereador Weberth, junto com os colegas Marcio Bittencourt (PMDB) e Neto Macaé (PTC) e elaborarem uma emenda ao Plano Diretor abolindo, de uma vez por todas, esta possibilidade no plano.
Voltemos à polêmica - Coincidentemente, um canal de vídeos do facebook recebeu na semana passada uma denúncia de um pai, dizendo que sua filha, aluna de uma escola municipal, chegou em casa "contaminada" com um material que supostamente falava sobre ideologia de gênero. Segundo a matéria, a menina teria chegado em casa dizendo que, "quando crescesse queria ser um pai". Tudo foi um mal entendido, explicou a diretora e a professora e, conferindo de perto, dá para ver que o conteúdo ministrado à garotinha está longe de ser qualquer coisa relativa à ideologia de gênero (inclusive no próprio vídeo ficou claro isso). Mas, as repercussões negativas continuaram. Para engrossar o caldo todo, a menininha estuda na mesma escola da filha do vereador Marcel. Imagina o mal-estar gerado com isso tudo.
Resumindo toda esta história: a ideologia de gênero voltou à pauta, é legítimo que a Câmara discuta o tema, mas o o vereador Marcel não defende abertamente a pauta. Aliás, não defende e nem refuta. Seu posicionamento, desde 2015, ainda não ficou claro. Uma forma de ele acabar com estes boatos que ele diz ser vítima é vir a público e declarar sua posição. Afinal, ele é a favor ou contra?
Se quiser falar, vereador, o blog é todo seu!